Para a CBF,
configurou-se abandono de campo o ato da Portuguesa de deixar com 15 minutos de
início o jogo desta sexta-feira, contra o Joinville, na estreia da Série B do
Campeonato Brasileiro, depois de documentos do Tribunal de Justiça de São Paulo
terem sido apresentados ao delegado da partida, Laudir Zermiani. A Lusa pediu o
adiamento do confronto e foi para o duelo contrariada, se resguardando em uma
liminar movida por ação popular na 3ª Vara Cível da Penha, São Paulo, em 10 de
abril, que recolocou o clube do Canindé na Série A. Em nota publicada em seu
site oficial, a CBF declarou: "O ato apresentado ao delegado do jogo entre
Joinville e Portuguesa não tem nenhuma eficácia jurídica, pois decorre de uma
decisão proferida pelo incompetente juízo da 3ª Vara Cível do Fórum Regional da
Penha, São Paulo, e que vem a desrespeitar flagrantemente a determinação do
Superior Tribunal de Justiça, que já decretou que a competência é exclusiva da
2ª Vara Cível da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, que proferiu decisão
contrária. O ato desse juízo confirma grave desrespeito ao STJ e é muito sério.
Seus responsáveis terão de reparar os vultuosos danos causados. Quanto à
Portuguesa, que abandonou o campo, caberá ao Superior Tribunal de Justiça
Desportiva julgar o mérito."Na noite dessa sexta, a TV Globo divulgou
outro comunicado no qual a CBF alega que "a Portuguesa, apesar de
advertida pelo juiz da partida, que deveria ter dado continuidade à partida,
optou por não voltar, o que configura abandono de jogo ou WO." Segundo o
procurador do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva - STJD - Paulo Schimitt,
sendo denunciada por abandono ou WO, a Lusa pode até ser expulsa da Série
B-2014. "As punições variam entre multa de R$ 100 mil, revisão dos pontos
do adversário e até exclusão da competição. Vai depender um pouco dos
documentos enviados do jogo, da nossa análise. A procuradoria vai avaliar, e
provavelmente segunda ou terça-feira seja apresentada a denúncia. Então, cabe
aos auditores", afirmou Schmitt. Orlando Cordeiro, que até a noite dessa
sexta era vice-jurídico da Portuguesa e responsável por coordenar a estratégia
do clube na disputa contra a CBF pela Série A, abandonou o cargo por acreditar
que o time sequer deveria ter pisado no gramado nesta sexta, em Joinville. Para
ele, porém, a Lusa não pode ser punida por abandono de campo ou WO. "A
Portuguesa não abandonou o campo, ela está cumprindo uma decisão judicial.
Estamos falando de uma ação popular de São Paulo. A CBF tentou cassá-la e não
conseguiu. Portanto, não há nada de errado." A Portuguesa foi rebaixada à
segunda divisão ao perder quatro pontos por ter escalado de forma irregular o
meia Héverton na última rodada da Série A de 2013, em 8 de dezembro, contra o
Grêmio, no Canindé. Héverton, a princípio, só havia pegado gancho de um jogo. A
Lusa alega não ter sido notificada sobre o resultado do julgamento. Com a
mudança, o Fluminense acabou sendo mantido na primeira divisão.Discordância O
presidente do Joinville, Nereu Antônio Martinelli, questiona a validade dos
documentos que provocaram a saída de campo do time paulista e foram apresentados
ao delegado do jogo, e sugere que os papéis poderiam ter sido entregues por um
funcionário da própria Portuguesa. Segundo o delegado do jogo, um filho do
presidente da Lusa levou as folhas da discórdia ao campo "Recebi um
telefonema do vice presidente da CBF da Região Sul - Fábio Nogueira - dizendo
que era pra ficar tranquilo que o jogo teria continuidade, até porque, tinham
no estádio até 8 mil pessoas. Tínhamos medo que desse algum tumulto. O delegado
informou ao árbitro que a pessoa correta para receber a notificação era o
presidente da CBF - José Maria Marin. Não sei que documento foi entregue, se
era liminar, não sei quem entregou", relatou Martinelli, que reclama por
agora ter que devolver o dinheiro dos ingressos vendidos aos torcedores.
ESPN
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