Na semana passada a Arena das Dunas viveu mais um dos seus
ápices nestes pouco mais de dois anos de história. O estádio recebeu o
tradicional clássico carioca Fla-Flu no estádio e bateu a casa dos 26
mil torcedores, apesar da forte chuva que caiu durante todo o dia em
Natal. Mais do que isso, quebrou o recorde de renda: R$ 2.214.850,00,
superando a marca anterior de R$ 1,6 mi no jogo entre Flamengo e Avaí em
2015.
Apesar disso, nem tudo são flores nas finanças da praça esportiva
O estádio teve prejuízo de R$ 35 milhões desde a sua inauguração,
segundo publicação da Revista Época na semana passada. Nos dois anos de
atuação, a Arena das Dunas Concessão e Eventos S/A (empresa criada pela
OAS para administrar o estádio) fechou o balanço no vermelho.
Em 2014, a Arena das Dunas teve prejuízos operacionais de R$ 16
milhões, valor que aumentou para R$ 19 mi no ano seguinte. O cálculo
feito pela reportagem da revista desconsiderou o valor recebido de
repasse do Governo para a OAS na remuneração da construção do estádio.
A reportagem do NOVO procurou os diretores da Arena das Dunas para
comentarem o assunto através da assessoria de imprensa, mas não recebeu
resposta das perguntas enviadas e nem resposta telefônica.
No ano passado, as receitas do estádio chegaram a R$ 6,9 milhões,
mas ainda muito abaixo das despesas, que somaram R$ 23 milhões.
A OAS, empresa que administra a Arena das Dunas, colocou,
inclusive, 100% dos ativos do estádio à venda em 2015. A construtora
entrou em recuperação judicial de suas empresas em São Paulo depois que
teve sua participação evidenciada em esquemas de corrupção na Operação
Lava-Jato. Além da Arena das Dunas, ela decidiu vender parte de seus
ativos nas Arenas do Grêmio (Porto Alegre) e Fonte Nova (Salvador).
No clássico entre Flamengo e Fluminense no final de semana passado,
a Arena teve arrecadação recorde do estádio nestes poucos dois anos de
existência. Com a receita líquida e os descontos de despesas, pagamento
acordado com os clubes e com a Federação do Rio de Janeiro, a Arena das
Dunas ainda teve um lucro de R$ 538.658 com a partida. No ano passado,
no duelo entre Flamengo e Avaí, a operadora já havia ficado com R$ 439
mil da receita bruta.
Para tentar reverter esse fator, a Arena das Dunas aposta também no
jogo entre a Seleção Brasileira e a Bolívia que acontecerá em outubro
deste ano e promete, mais uma vez, casa cheia.
O curioso é que no início de 2015 a Arena das Dunas foi dada como o
estádio mais lucrativo de todos que participaram da Copa do Mundo. No
relatório de administração e demonstrações financeiras da Arena das
Dunas Concessão e Eventos S/A sobre 2014, publicado no Diário Oficial do
Estado (DOE), a Arena anunciou um lucro de R$ 20 milhões no primeiro
ano de funcionamento.
O valor foi o maior entre todos os 12 estádios brasileiros que
sediaram a Copa do Mundo em 2014. Além da Arena das Dunas, apenas o
Mineirão (R$ 16,9 milhões), o Itaquerão (R$ 11,4 milhões) e Beira-Rio
(R$ 9,2 milhões) apresentaram as contas no verde, segundo estudo
divulgado pela Folha de São Paulo à época. Os demais oito estádios da
Copa do Mundo tiveram prejuízo já no balanço feito entre 2014 e 2015.
No entanto, a Arena das Dunas incluiu em seu balanço os R$ 105
milhões recebidos no financiamento pela construção do estádio, diferente
de todos os outros balanços. Caso contrário, ela também seria incluída
na lista dos estádios com prejuízo.
A Arena das Dunas foi construída numa Parceria Público-Privada
(PPP). A concessão administrativa tem duração de 20 anos e vale até
2034. Nos primeiros 11 anos de acordo, o governo arcará com uma
prestação mensal de R$ 9 milhões. Do 12º ano ao 14º, serão R$ 2,7
milhões e nos últimos três anos do contrato, R$ 90 mil. Ao final do
contrato, o Governo terá pago R$ 1,2 bilhão pelo estádio, que teve o
custo da obra de R$ 423 milhões.(Novo Jornal)
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