O
assentamento Planalto do Retiro, localizado em Touros (RN), deverá colher cerca
de cinco milhões de abacaxi até o final do ano. A safra, que iniciou este mês,
já é considerada recorde desde o início do cultivo, há cerca de seis anos. Tal
fato destaca a comunidade rural como o assentamento que mais produz abacaxi no
estado. A fruta é tão importante para a economia local que as 55 famílias
produtoras do abacaxi apelidaram a fruta de "Ouro do Planalto".Em
Planalto do Retiro, na safra 2010/2011, foram plantadas cerca de 500 hectares,
o equivalente a 36% de toda a área do assentamento. Como a fruta tem ciclo de
18 meses, serão colhidas cerca de 250 hectares agora. A outra metade deverá ser
retirada no próximo ano. Cada hectare produz 20 mil frutos aproximadamente.
Comercialização
De
acordo com a Associação de Trabalhadores Assentados, desde a semana passada
estão sendo comercializados cerca de dez mil frutos por dia. O abacaxi é
vendido ao preço que varia entre R$ 0,80 a R$ 1,20. Os estados do Sudeste, como
São Paulo e Rio de Janeiros, apontam como grandes compradores. Porém a produção
de Planalto de Retiro tem seu comércio garantido para os estados nordestinos
como o Ceará, Pernambuco e o próprio Rio Grande do Norte, por exemplo, que
compram mais da metade da Safra.
Para
José Damásio, trabalhador assentado que espera colher cerca de 500 mil frutos,
o aquecimento do preço deverá ocorrer a partir de novembro, quando a unidade
chegará a R$ 2,00, em média. O maior produtor do assentamento justificou o
aumento do preço com a chegada do verão e das festas de final de ano. "O
abacaxi é uma das frutas mais consumidas no verão", comemorou. A
comemoração de Damásio diz respeito à predominância no plantio da variedade
Pérola (de polpa amarelo-clara, sabor bastante doce, casca esverdeada, mesmo
quando maduro e pouca acidez). É consumido, principalmente, in natura. Também
servido em forma de suco, doce e sorvete.
O
assentamento foi criado em 2003 para garantir terra a 70 famílias da região de
Touros. Somente em 2005 o plantio do ananás, outro nome dado à fruta, teve
início. Das 70 famílias que moram no assentamento, inicialmente 40 decidiram
apostar na cultura. A vocação natural da área, a excelente qualidade da terra e
o trabalho das famílias assentadas, que acreditaram no cultivo do abacaxi,
foram adubos importantes nesse crescimento da produção. Hoje, 55 famílias vivem
da cultura.
Em
2005 foram plantados 30 hectares. Em 2006, a área aumentou para cem hectares.
Em 2009, o total ultrapassou 200 hectares plantados e a colheita foi de dois
milhões de frutos.
Melhoria de vida
Os trabalhadores rurais encontraram na produção a
chance de deixar para trás os tempos em que ter televisão, sofá, carro e moto
na frente de casa era luxo com os quais não conviviam. Todos os dias eles
levantam cedo. Fazem parte do grupo de assentados que usa calças, bonés e
mangas improvisadas como proteção para levar adiante a cultura
José
Damázio, explicou que com a cultura já adquiriu carro, morto e
eletro-eletrônicos. Filho de agricultores, desde cedo acostumado com o trabalho
duro no campo e já chegou a sobreviver, com a mulher e os três filhos, com
aproximadamente R$ 200 por mês. Ele começou a produzir abacaxi de maneira
tímida. Inicialmente plantou um hectare. A produção deu tão certo, que hoje tem
cerca de 50 hectares plantados.
Pancinha,
como é mais conhecido, é o que exibe uma das maiores áreas da cultura no
assentamento. Ver que o cultivo prosperava serviu de estímulo para ele e para
muitos de seus companheiros. ''Vendo hoje para São Paulo, Rio de Janeiro,
também Natal, Fortaleza, Recife", conta. Ele comercializa, ainda, parte do
que é produzido por outros assentados.
Assessoria de
Comunicação Social INCRA
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