Embora a maioria dos casos de dengue
no Brasil ainda seja causada pelo tipo 1 da doença, cresce em alguns
Estados a circulação do sorotipo 2, o mais agressivo dos quatro vírus
existentes. Estes dados estão presentes no boletim epidemiológico do
Ministério da Saúde, com estatísticas dos cinco primeiro meses do ano.
Das 2,2 mil amostras positivas para dengue analisadas em laboratório,
6,4% já são do tipo 2, em 2015, apenas 0,7% eram deste sorotipo. No
Estado de São Paulo, esse tipo de vírus já é responsável por 13,6% dos
casos da doença, ante 0,5% em 2015.
Além de ser
considerado por especialistas o mais virulento dos quatro sorotipos da
dengue, o tipo 2 ainda está relacionado a outro risco. Como parte da
população brasileira já foi infectada pelo tipo 1, a ocorrência de uma
segunda infecção por outro sorotipo aumenta o risco de desenvolvimento
de uma das formas graves da doença, que podem levar à morte, como a
febre hemorrágica.
Segundo o
infectologista Artur Timerman, presidente da Sociedade Brasileira de
Dengue e Arboviroses, o risco maior em uma segunda infecção pela doença
está relacionado à resposta imunológica do paciente que já contraiu o
vírus uma vez. “Como já existem anticorpos contra um tipo de dengue no
organismo, há uma reação inflamatória exacerbada, que prejudica o
organismo, mas que não consegue neutralizar o novo sorotipo. O risco de
desenvolvimento de uma forma grave da dengue é de 15 a 20 vezes maior
quando se trata de uma segunda infecção. ”
Imunidade da população
O grande número de
brasileiros infectados pelo tipo 1 nas epidemias de dengue dos últimos
anos é uma das razões que explicam o crescimento dos casos provocados
pelo tipo 2, segundo especialistas. “Como o vírus tipo 1 da dengue está
circulando há muito tempo no Brasil, já temos muitas pessoas imunes a
ele. Uma segunda infecção por dengue tem tendência a uma gravidade
maior”, explica Marcos Boulos, coordenador de Controle de Doenças da
Secretaria Estadual da Saúde.
Além de São Paulo,
outros Estados registram circulação do tipo 2 da dengue acima da média
nacional. No Pará, 33,3% das amostras analisadas correspondem a esse
sorotipo. No Distrito Federal, esse índice é de 26,8% e em Rondônia, de
13,1%.
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