BRASÍLIA - Às
vésperas do rompimento do PMDB, marcado para esta terça-feira, o governo sofreu
nesta segunda dois novos golpes que revelam o agravamento da crise política: o
ministro Gilberto Kassab (Cidades) admitiu publicamente ter liberado a bancada
do PSD para votar livremente sobre o impeachment; e o ministro do
Turismo, Henrique Eduardo Alves, entregou no fim da tarde sua carta de demissão,
justamente quando o Planalto fazia esforço para manter a fidelidade dos sete
ministros peemedebistas em defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff.
Com 31 deputados,
o PSD começou a dar os primeiros passos concretos para se afastar do PT e da
presidente às voltas com um impeachment. Esse movimento envolveu ações
costuradas em Brasília e São Paulo, que ganharam corpo nos últimos dias. Em São
Paulo, onde ontem à noite participou de um evento na Assembleia Legislativa,
Kassab admitiu que cada um dos deputados de sua bancada votará como quiser e,
por isso, negou a existência de um racha na legenda quando indagado qual seria
a voz majoritária dentro do partido, se a favor ou contra o governo.
— Não existe
racha. Em partido que libera não existe racha. O PSD é um partido unido em cima
de propostas claras para o país. Em algumas circunstâncias entende que, até
pela razão de ser partido novo, precisa da liberação (da bancada) para que cada
um tenha o conforto de votar de acordo com a sua história — disse Kassab.
A decisão foi
tomada semana passada, logo depois que o partido permitiu que um de seus
parlamentares, Rogério Rosso (PSD-DF), assumisse a presidência da comissão
especial do impeachment na Câmara.
O partido ocupa
desde dezembro de 2014 o Ministério das Cidades, um dos mais cobiçados da
Esplanada. Mas lideranças do PSD dizem que não há condições políticas para o
partido impor uma postura em favor do governo a seus parlamentares. Nas contas
de dirigentes da sigla, ao menos metade da bancada apoia hoje o impeachment de
Dilma.
— Os parlamentares
estão sofrendo uma pressão muito grande de suas bases. Eles sabem que dependem
dessas bases nas eleições, e neste momento fica difícil ir contra o que elas
pedem — explicou uma liderança do PSD sobre o movimento pró-impeachment.
Diferentemente do
PMDB, que marcou para hoje uma reunião para anunciar uma posição oficial sobre
o afastamento do governo, o PSD não tem reuniões marcadas para isso. O ministro
das Cidades, Gilberto Kassab, fundador do PSD, vinha evitando falar
publicamente sobre o futuro da sigla. Por isso, o desembarque oficial do
governo pelo PSD ainda é considerado algo remoto por lideranças da legenda.
Em São Paulo, uma
outra frente que converge para os interesses do PSD de se descolar aos poucos
do governo Dilma e do PT deverá ser oficializada nos próximos dias. O PSD terá
uma candidatura a prefeito de São Paulo de oposição ao PT. Até pouco tempo atrás,
Kassab estava costurando uma candidatura neutra na maior cidade do país com o
candidato Ricardo Patah. Nos últimos dias, o ministro tem acertado com o
ex-tucano Andrea Matarazzo os detalhes finais da filiação dele ao PSD para sair
candidato a prefeito de São Paulo.
— É tudo uma coisa
só. São movimentos que indicam a forte tendência de afastamento do PSD do PT —
afirmou uma liderança paulista do PSD.
(Oglobo) http://oglobo.globo.com/brasil/pmdb-rompe-com-governo-nesta-terca-pt-declara-guerra-temer-18972304

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