Embora o Rio Grande do Norte enfrente um longo período de escassez de chuvas que já dura pelo menos três anos, segundo especialistas, o Estado ainda não possui sequer um plano coordenado de reuso de água, o que é essencial para regular a reutilização de águas residuais e sua aplicação nas diversas atividades a que podem ser destinadas, como à agricultura ou à indústria, por exemplo. O reuso da água possibilita, entre outros benefícios, economia dos recursos hídricos, algo de extrema importância, principalmente nesse contexto de seca. Atualmente, dos 49 açudes monitorados pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), seis estão secos e 14 com menos de 5% de sua capacidade total. Para exemplificar a situação, conforme os últimos dados coletados pela Semarh, o Açude Gargalheiras (Marechal Dutra), em Acari, um dos mais importantes do Estado, está com um volume de apenas 1.120.866 metros cúbicos de água, ou seja, 2,52% de sua capacidade, que é de 44.421.480 metros cúbicos. Para o professor Cícero Onofre da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), doutor em Recursos Naturais e uma das maiores autoridades do Brasil no assunto, o que falta para o RN ter um plano de reuso não é outra coisa além de “definição política”. “Você não faz uma coisa quando se tem empecilho tecnológico, econômico, financeiro ou social. Nós não temos nenhum desses empecilhos, mas temos dificuldades como falta de visão política, motivação, conhecimento, falta de educação”, afirma. Como esclarece o professor, para cada uso a água pode ter qualidades distintas. Como exemplo, cita a água com nitrato, que não faz bem para a saúde humana, mas que é essencial para as plantas. Desse modo, águas residuais de esgotos, que têm muitos nutrientes, poderiam, após um tratamento, serem utilizadas na irrigação de plantações, o que não é praticado no RN. “Se eu colocar uma água sem nitrato em uma planta ela morre, é tanto que quando a água não tem muito (nitrato) você coloca adubo. Já para a gente beber não pode ter, mas a gente faz exatamente o contrário, pega a água dos mananciais para irrigar, e aí tem que botar adubo, e pega o esgoto tratado e joga no manancial para beber, que dizer, isso é umas das coisas talvez menos inteligentes que se faz”, analisa. Além de ter uma qualidade superior para as plantas, o tratamento da água de esgoto para a irrigação é mais barato do que o tratamento para beber, uma vez que exige um esforço menor pelo fato de não precisar retirar o nitrato que é essencial para as plantas. Embora a importância do reuso da água seja uma aceitação unânime entre especialistas e o assunto seja discutido na atualidade no mundo inteiro, para que isso seja feito há a necessidade de um plano que defina as diretrizes desse reuso. Esse estudo – sugere Cícero – deve ser encabeçado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e incluir todos os órgãos interessados no assunto: Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente (Idema), Companhia de Águas e Esgotos do RN (Caern), Instituto de Gestão das Águas do Estado do Rio Grande do Norte (Igarn) e secretarias de Saúde e Educação. Juntos esses órgãos deveriam fazer um estudo de deslocamento dessas águas para identificar e atender às demandas. Paralelamente o Estado precisa criar uma legislação própria, além de determinar atribuições para cada instituição como um arranjo institucional. “Não há um esforço coordenado nesse sentido”, declara Onofre. Além da economia de recursos hídricos, o reuso possibilita economia com a preservação do meio ambiente, ajudando inclusive a população, prefeituras, comércio e indústria a reduzirem seus custos. Um plano de reuso de água englobaria definições sobre o grau de tratamento das águas, para quais atividades se destinariam, que órgãos administrariam cada etapa de operação, além das regras para a utilização. A partir de um tratamento adequado a cada atividade a que será destinada, a água de efluentes residuais pode ser usada em diversos setores, como a indústria, agricultura e comércio, em atividades como a geração de energia, resfriamento de equipamentos, limpeza de ruas e praças e vários outros processos industriais. De acordo com o professor Cícero Onofre, o Rio Grande do Norte dispõe de tecnologia suficiente para fazer tratamento de águas residuais para reuso, até porque o procedimento, nesse caso, é mais simples e mais barato do que tratar a água para lançá-la nos mananciais. Também é possível fazer reuso para o consumo humano, como já é feito nos Estados Unidos, por exemplo. No entanto, esse é um processo mais complexo e o Rio Grande do Norte, segundo afirma Cícero, ainda está longe de precisar dessa prática.
Um comentário:
Olá.
Isso é uma vergonha, como sempre esse governantes não fazer nada.
Trabalho com tratamento de água, quero deixar aqui minha sugestão para conhecimento do equipamento filtro prensa.
Grato.
Fanequipamentos.
www.fanequipamnetos.com.br/filtroprensa.com.br
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