Tapiocaria Serrana: Cultura e Resistência no Semiárido Potiguar
Na comunidade Baixa Verde, município de Cerro Corá, no Rio Grande do Norte, moram Francinaldo Avelino Barbosa, sua esposa Josefa Sandra e seus dois filhos. De família tipicamente agricultora, sempre moraram no campo, exercendo as principais atividades. Desde muito pequeno trabalhou com seus pais na casa de farinha, localizada próxima a sua casa, onde a mandioca era processada artesanalmente e virava farinha, o que rendia o sustento da família. Esta tradição foi passada de geração em geração pelos seus bisavôs. Ao casar-se com dona Josefa Sandra, herdaram da mãe dela o ofício de vender tapioca na feira livre da cidade. A tapioca é feita à base da goma, extraída da mandioca. Com isso, eles começaram a produzir a iguaria recheada com diversos sabores: manteiga, leite de coco, presunto, carne de sol, galinha caipira e leite condensado, ganhando, assim, a freguesia que já dura 10 anos. Em meados de 2005 e 2006, passaram a fazer cursos de capacitação, com o apoio do Serviço de Apoio as micros e pequenas empresas – SEBRAE, e com isso começaram a participar Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Articulação Semiárido Brasileiro – Rio Grande do Norte
Realização Patrocínio das feiras e eventos, como por exemplo, a festa do boi em Parnamirim/RN; feira da cultura e festival gastronômico de Cerro Corá; Concurso no festival Saboreando; entre outros. Ele e a esposa acordam ainda na madrugada para produzirem as tapiocas, que varia entre 100 a 120 unidades a cada feira. Com a venda, Francinaldo consegue uma renda média líquida de até R$ 800,00 (oitocentos) reais por mês, que ajuda no orçamento familiar. Além disso, ele compra a goma de um produtor vizinho, e revende na barraca que ele monta todos os sábados. O agricultor conta que, antes, a mandioca era plantada no seu próprio quintal, mas que com a seca, que atingiu severamente a região, a água ficou escassa, o que impossibilitou novos plantios. Ele também conta, com tristeza, que uma das dificuldades para produção da matéria prima, para as tapiocas, é o fato da Casa de Farinha Comunitária não estar funcionando, o que deixa de gerar renda e emprego para a comunidade. Mesmo assim, no quintal de Francinaldo ainda é possível ver uma variedade de frutas, que ele consegue manter graças à sua Cisterna- Calçadão, conquistada a partir do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), implementada pelo SEAPAC e com patrocínio da Petrobras. A cisterna possibilita a família armazenar água e, com isso, cultivar acerola, mamão, goiaba, pinha, maracujá, além de plantar hortaliças, o que ajuda na alimentação e na melhoria da qualidade de vida. Com o caráter produtivo, recebido na implementação da tecnologia do P1+2, a família construiu um galinheiro onde pretende ampliar a produção de galinhas, como mais uma fonte de renda.
A “Tapiocaria Serrana” como é conhecida, também está dentro do roteiro turístico da Copa de 2014, que contemplará a região do Seridó. Cheio de ideias e motivado pela esperança, Francinaldo já se programa para receber os turistas na sua comunidade e, para isso, está montando um museu com peças antigas, de casa de farinha e objetos que relembrem a vida do sertanejo nos tempos passados, como mais um atrativo para os visitantes. Galego da tapioca, como é chamado pelos mais próximos, conta que a vida no campo não é fácil, mas que apesar das dificuldades encontradas, leva sempre com ele o sonho, a fé e a perseverança. Ele diz que projetos e instituições como a ASA trazem vida, cidadania e esperança ao povo do semiárido, e geram verdadeiras possibilidades de se conviver neste lugar.
Fonte:O Candeeiro
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