Enquanto o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), deixava claro em programa de TV sua candidatura ao Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua equipe voltava a se reunir no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) para fechar a nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento. Na avaliação de auxiliares de Lula, o PAC 2, mais que dar visibilidade à ministra da Casa Civil e pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, concluirá o “legado” do governo para o desenvolvimento do País.
Lula e Dilma gastaram boa parte da agenda discutindo ações em saneamento, energia e petróleo e melhorias em favelas e centros urbanos. O presidente tem reiterado que o programa, com obras previstas para o próximo ano, permitirá que seu sucessor governe no primeiro ano com orçamento definido. Aos assessores, ele disse esperar que o PAC 2 seja visto como a consolidação da ideia de planejamento em áreas como logística, saneamento e energia e avisou que está preparado para rebater críticas de que o programa tem objetivos de curto prazo.
Para o presidente, a “largada” da disputa de 2010 já foi dada, segundo um auxiliar. Ele avaliou que o PAC 2 vai qualificar o debate e exigir que os concorrentes na eleição presidencial de outubro se posicionem sobre suas principais metas. Um auxiliar direto do presidente disse que Serra certamente será questionado sobre o PAC 2 e terá de tomar uma posição. “Ele (Serra) terá de se posicionar sobre tudo, até sobre o PAC 2”, observou. “Terá de dizer se é contra e apresentar sua proposta.”
Lula cuida pessoalmente dos preparativos do anúncio do PAC 2, na manhã do dia 29, no Centro de Convenções Brasil 21, em Brasília, e da festa de despedida de Dilma e outros ministros que vão deixar seus cargos para concorrer nas próximas eleições, na tarde do dia 1º, no Itamaraty. Os dois eventos são apostas do Planalto para dividir os holofotes com José Serra, que ganhará bom espaço a partir de agora, que deixou claro que estará na corrida eleitoral, na avaliação de assessores do governo.
A solenidade no Itamaraty no dia 1º, quando Dilma e outros ministros deixarão o cargo e secretários dos ministérios irão assumir as pastas, será a oportunidade de Lula fazer um agradecimento em especial à sua candidata ao governo, disse um ministro. Dilma está no governo desde janeiro de 2003, quando assumiu o Ministério de Minas e Energia. Mas foi a partir de junho de 2005, com a queda do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, no rastro da crise política, que Dilma ocupou essa pasta e tornou-se uma das principais assessoras do presidente.
Pessoas próximas de Lula lembram que, ao trazer Dilma para dentro do Planalto, o presidente conseguiu, num momento de turbulência, recuperar credibilidade, com a imagem da ética desgastada. O perfil técnico da ministra deu ao círculo mais íntimo de Lula uma imagem mais austera, menos partidária. Erenice Guerra, secretária-executiva de Dilma, assume a pasta da Casa Civil.
Serra e Dilma: duelo de obras e programas
São Paulo (AE) - Enquanto não é dada a largada oficial da campanha e os pré-candidatos não podem assumir oficialmente a condição de protagonistas das eleições, as duas principais máquinas governamentais do País travam um duelo de programas, obras e factóides. De um lado, o governo federal, com o Programa de Aceleração do Crescimento, o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa-Família. De outro, o governo de São Paulo, com o Rodoanel, as Fatecs (escolas técnicas) e o Renda Cidadã.
Os condutores dessa batalha estavam em campo na sexta-feira. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu ministros para acelerar os preparativos do PAC-2, programa de obras que lançará no dia 29. Já o governador José Serra lançou na capital a pedra fundamental de uma das 26 escolas técnicas e faculdades de tecnologia (Etecs e Fatecs) que pretende colocar em funcionamento até dezembro. Também esteve em Mogi-Mirim e Mogi-Guaçu para entregar unidades novas e reformadas.
Com os investimentos em educação, Serra busca neutralizar o discurso de Lula de que foi, em toda a história do País, o presidente que mais ampliou o ensino técnico e universitário. O governo federal planeja inaugurar neste ano 99 instituições técnicas de ensino médio e superior.
Os dois governos também atuamno sentido de levar o saneamento básico para a vitrine eleitoral. Desde o início do mês, Serra inaugurou sete estações de tratamento de esgoto. Até dezembro, pretende entregar outras 66. Lula, por sua vez, fez do saneamento um dos pilares do PAC e deve anunciar recursos vultosos para o setor na segunda parte do programa.
A disputa pelos holofotes se estende ao mundo do trabalho. No final do ano passado, o presidente anunciou a elevação do salário mínimo para R$ 510 - o reajuste, de 9,69%, superou a inflação. Em fevereiro, Serra surpreendeu ao anunciar um reajuste ainda maior para o piso salarial do Estado, de 10,89%. O valor do piso passou para R$ 560.
Serra disse numa entrevista a Datena, apresentador de um programa policial da Band que deverá mesmo ser candidato a presidente da República.
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