Júlio Pinheiro
Durante campanha, redes sociais foram palco de diversas discussões entre amigos devido a preferências políticas
O intenso uso
das redes sociais para expressar apoio político nestas eleições e o acirramento
das tensões devido à proximidade do segundo turno, marcado para o próximo
domingo (26), têm afetado amizades e relações familiares. Uma usuária do
Twitter resumiu a situação em um post que lhe rendeu mais de 17 mil curtidas:
"gente, quem perdeu família ou amigos por causa dessa eleição vamos
combinar de passar o Natal juntos". Pesquisa Datafolha divulgada na
última quarta-feira (22) mostrou aumento no índice de pessoas que disseram ter
interesse nas eleições. Dos 4.355 entrevistados, 50% responderam que têm
interesse no pleito. No fim de agosto, essa porcentagem era 39%. Esse
crescimento também influencia no aumento da circulação de vídeos, textos e até
mesmo ofensas nas redes sociais. A gerente de comunicação digital
Glaucimara Silva deixou de seguir e de visualizar publicações de várias amigos
no Facebook.
Em casos mais graves, em que houve preconceito ou discurso de
ódio, ela desfez a amizade na rede social. "As pessoas se revelam muito
nesse momento", diz. Ela acredita que, por estarem protegidas por um
computador, "as pessoas se sentem mais à vontade para falar coisas que não
falariam cara a cara". Apesar de a maior parte das amizades
desfeitas serem de amigos apenas de Facebook, Glaucimara chegou a se afastar de
uma amizade na vida real. "Um amigo muito próximo parou totalmente de
conversar comigo porque considerou que temos uma visão política muito diferente
e por isso não temos mais nada em comum", conta.
A assessora de imprensa Juliana Carvalho decidiu encerrar as contas nas
redes sociais até o fim das eleições. "Estava virando um ringue para mim,
eu via as pessoas extremamente irritadas e xingando umas às outras." Para o sociólogo e pesquisador
da Universidade de Brasília (UnB) Marcello Barra, a proporção a que chegaram as
discussão nas redes sociais nestas eleições é algo inédito. "No grau que
assume é realmente uma coisa que aparentemente é inedita e tem correlação
imediata com a disputa [eleitoral], uma disputa muito acirrada."
Ele explica que as redes apresentam um grau de
politização muito mais avançado diante de outros meios de comunicação, como a
televisão ou o rádio. "Permitem não só a expressão de vários assuntos que
vão além da política, como a política é tratada muito intensamente, discutida
numa base diária. Isso é muito relevante para a democracia", destaca.
O mestre em direito pela UnB e ciberativista Paulo Rená também considera a
discussão nas redes positiva, mas alerta para o discurso de ódio e para os
crimes cometidos pelos usuários que, muitas vezes, saem ilesos a comentários
racistas ou de preconceito regional. "Acho importante que as pessoas entendam que não é porque estão na
internet que o discurso de ódio está liberado. E isso não é nenhuma restrição à
liberdade de expressão", diz. "Aquelas condutas inadequadas e
eventualmente criminosas que eram feitas em ambientes privados, que eram feitas
dentro de casa, agora passam a ocorrer também em ambientes públicos. Não tem
nenhuma restrição para que esse comportamento inadequado seja punido aconteça
ele na internet ou em qualquer lugar."
Rená orienta aqueles que se sentirem agredidos a, dependendo do nível da ofensa, procurarem uma delegacia de polícia e registrarem boletim de ocorrência ou recorrerem à Justiça. O Ministério Público também pode atuar no combate a discursos preconceituosos a determinados grupos
Com informações da Agência Brasil.
Rená orienta aqueles que se sentirem agredidos a, dependendo do nível da ofensa, procurarem uma delegacia de polícia e registrarem boletim de ocorrência ou recorrerem à Justiça. O Ministério Público também pode atuar no combate a discursos preconceituosos a determinados grupos
Com informações da Agência Brasil.
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